2022: O reencontro com o corpo, a presença e a memória
Depois de dois anos de isolamento, telas e saudade, o ano de 2022 marcou um renascimento para o GDUFRN. A dança voltou a ocupar os espaços com a força do corpo presente, do olhar trocado e da escuta compartilhada. No dia 06 de abril, celebramos nosso primeiro encontro presencial do ano – uma data simbólica que ficou marcada no coração de todos que fazem o grupo. Estávamos de volta.
O retorno presencial também foi o momento de acolher novos integrantes, corpos e trajetórias que chegaram para somar, trazendo frescor, curiosidade e vontade de criar junto. Com essa nova formação, retomamos as aulas presenciais com o professor e coreógrafo Sávio de Luna, que compartilhou conosco sua proposta de dança fluida, permitindo que investigássemos novas possibilidades de movimento e expressão.
Nos meses de abril e maio, vivemos uma sequência enriquecedora de aulas com convidados especiais que marcaram a história do GDUFRN. Professores e ex-integrantes como Edeilson Matias, Jeferson Arruda e Gleydson Dantas retornaram ao grupo para compartilhar seus saberes, memórias e práticas – encontros que reafirmaram a força de uma comunidade artística construída ao longo de décadas.
Em 05 de maio, levamos ao público um fragmento do espetáculo (Des) Caminhos, apresentado na Sala 1, durante a Semana de Recepção da Licenciatura em Dança da UFRN. Foi uma forma poética de dar boas-vindas aos calouros e de reativar nossa ligação com a cena e com a universidade.
No dia 09 de maio de 2022, a integrante e pesquisadora Ana Lincka defendeu sua dissertação de mestrado intitulada "Biblioteca do corpo: movimentos iniciantes e horizontes possíveis para a inclusão de obras de dança em acervos institucionais", no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRN. A pesquisa, que teve como ponto de partida sua trajetória como bibliotecária e bailarina no GDUFRN, propôs uma reflexão profunda sobre a preservação da memória da dança, discutindo formas possíveis de incluir obras coreográficas em acervos institucionais, reconhecendo o corpo como um arquivo vivo. A defesa representou não apenas um marco acadêmico, mas também uma importante contribuição ao campo da dança e para o GDUFRN, apontando caminhos para o registro e a valorização das produções artísticas em contextos universitários e culturais mais amplos.
Ao longo dos meses, a rotina de ensaios e aulas voltou a pulsar com vigor. Artistas, professores, integrantes e colaboradores se reuniram novamente com o desejo coletivo de produzir, investigar e emocionar. Entre essas criações, surgiu uma releitura da obra "LOVE", apresentada em 12 de julho. Concebida por João Alexandre Lima, o trabalho mergulhou em temas como maternidade, gênero, cotidiano e relações afetivas, provocando o público com um jogo de verdades e farsas. Um espetáculo profundo, inacabado e visceral — como o próprio amor.
No dia 28 de agosto, o grupo voltou ao palco do Teatro Alberto Maranhão, com o espetáculo (Des) Caminhos, como parte da programação do SigaArte UFRN, promovido pelo NAC e PROEX. Mais do que uma apresentação, foi a reafirmação do nosso compromisso com a arte que dialoga com o público e com o tempo presente.
Em 13 de outubro, recebemos um convidado muito especial: Leonardo Gama, ex-integrante do grupo, voltou para uma roda de conversa sobre criação, memória e identidade artística. Resgatamos, juntos, uma de suas composições criadas durante sua passagem pelo GDUFRN, refletindo sobre as raízes que nos formam e os caminhos que seguimos.
Outro marco importante foi nossa participação no evento “GDUFRN 30 anos: um projeto e muitas histórias”, com apresentação e o lançamento do e-book comemorativo aos 30 anos do GDUFRN — um registro afetivo e histórico de três décadas de dança dentro da UFRN.
Também estivemos presentes como ouvintes na 1ª Jornada Edson Claro, realizada em 16 de novembro, no Departamento de Artes e no Departamento de Educação Física, honrando o legado de um dos grandes nomes da dança potiguar.
E como todo ciclo precisa de pausa e celebração, encerramos o ano com nossa confraternização de dezembro, com direito a amigo secreto, risadas, abraços e o sentimento de missão cumprida.
2022 foi o ano em que voltamos a nos olhar nos olhos, a suar juntos, a criar no mesmo tempo e espaço. Foi o ano do reencontro com o corpo e com a potência do coletivo.
Por Ana Lincka
Integrante do GDUFRN e Mestre em Artes Cênicas pelo PPGARC/UFRN
GDUFRN – Grupo de Dança da UFRN
Três décadas de movimento, memória e transformação. Seguimos dançando.
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